quarta-feira, setembro 27, 2006

Apenas um desabafo...

Esta noite tive uma enorme vontade de apanhar um táxi. Precisava de ti, o meu refúgio. Precisava de rir, rir contigo. Precisava das nossas conversas da treta! De sentir que o amanhã vai ser diferente, que afinal os muros não são tão altos, nem todos os espinhos picam! Mas a realidade é dura. É acordar todos os dias e pensar, “ontem ninguém sentiu a minha falta!” Olhar no espelho todos os dias e perguntar, “espelho meu, o que tenho eu?” e ele responde “nada!” O mais cruel é lembrar que um dia tive tudo! O que dói é ter perdido lentamente e sentir essas perdas aos poucos. Precisar de subir, e empurrarem-me para baixo. Tu não fazias perguntas nem me tentavas dar soluções, tinhas apenas o dom de estar lá e fazer-me sentir segura e protegida. Hoje certamente precisava de me sentir assim…

domingo, setembro 03, 2006

Fora de horas… (capitulo 5)



Sento-me.
Tento disfarçar o ritmo cardíaco que certamente está estampado no meu rosto! Se o percebes ou não já nem me interessa.
Vais buscar martini para mim.
Sentas-te, frente a frente. Com aquele teu ar sério que eu gosto tanto, dizes:
- Eu tenho saudades daquele tempo.
- Acho que temos todos, divertimo-nos muito!!!
- Eu gostava muito do que nós tínhamos…
- Foi bom mas já passou. ( nem acredito que disse isto!!! )
- A nossa cena era muito fixe!
- A cumplicidade…
- Tenho mesmo saudades… Eu não queria magoar-te, desculpa.
- Eu sei, já falamos sobre isso.
- Acredita que se desapareci foi porque tinha de o fazer, nem tu nem ninguém vão saber porque me afastei, mas acredita que não foi por tua causa. Mas quando voltei afastaste-te…
- Já te disse que depois do que fizeste não te podia receber de braços abertos!
- Eu sei, deves ter-me achado um filho da puta, deves ter-te sentido usada, enganada…
Fiquei a ouvir mais uma vez esse texto todo, mas as tuas palavras não correspondem aos actos e a dúvida persiste!
- Não dizes nada, estás tão calada.
- Não tenho nada para dizer. (mais vale estar calada, em boca fechada mosca não entra!)
- Diz-me uma coisa, vês algum futuro para nós?
- Eu não sei o dia de amanhã!
- Isso eu também não, sabes bem que hoje estou aqui e amanhã posso já não estar! Eu não vejo futuro para nós eu não te posso dar nada.
Senti algo dentro de mim a estilhaçar que nem um vidro!!! Por muito que doa, sei ao que te referes e entendo.

Dás-me mais um martini.
- Outro? Não sei porque têm a mania de me dar de beber!
- É para ver se falas mais em vez de te esconderes atrás do sorriso!


Encostei a cabeça ao parapeito do terraço usando o meu braço como almofada. Gosto quando dizes que tens saudades... Nem imaginas o quanto queria voltar a ter tudo!!!
Olho-te de canto e tu fazes a pergunta que te persegue...
- O que sentes por mim?
- Sinceramente?
- Sim!
- Eu continuo a gostar de ti da mesma forma como gostava há 1 ano atrás, mas com uma diferença... (Talvez não fosse isto que esperavas como resposta, talvez não me devesse esconder em meias palavras, mas não consigo dizer muito mais. Esse tipo de sinceridade poderia ser-me muito prejudicial. Nunca consegui dizer o que realmente sentia, o que queria, talvez nunca tenha dito o que gostarias de ter ouvido.)
- Qual?
- Agora consigo conviver com isso...


(to be continued...)